quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Prevenção e Detecção Precoce do Câncer de Ovário.


O câncer de ovário apesar de representar 4% das neoplasias do sexo feminino, 26.700 casos novos diagnosticado por ano na America (USA), é o tumor responsável pela principal causa de morte entre os cânceres ginecológicos ( Gersheenson et al. segundo Nisida) – 14.800 óbitos. Devido a esta importante característica e ao fato de que seu diagnóstico é frequentemente tardio, comprometendo o tratamento e prognóstico, é um tumor muito temido.
Apenas em 25% dos casos ele se apresenta em estágios precoces, em sua grande maioria é diagnosticado em fase tardia. O ovário por ser um órgão intra abdominal, os tumores nas fases iniciais não são detectados, exatamente por não interferirem com a função dos órgãos pélvicos e pela conformação desta cavidade, que ampla permite as lesões expansivas crescerem sem que seja sentido ou percebido pela paciente. A sobrevida dos casos iniciais a cinco anos ( estágio I) é torno de 85% e nos casos tardios cai para 37% (Cramer apud Halbe).
Dentre os fatores de risco os autores apontam: paridade e anticoncepcionais – nuliparidade (mulheres sem filhos) maior risco; estudos tem demonstrado que mulheres que usaram anticoncepcionais por cinco anos ou mais quando comparadas com as que não usaram, tiveram uma taxa de 38% menor em relação ao risco de desenvolver a neoplasia.
Outros fatores como: infertilidade, drogas para o tratamento da infertilidade ( há necessidade de mais estudos), amamentação( reduz, pelo fato de diminuir o número de ovulações), uso de terapia de reposição hormonal ( estudos controversos), idade da primeira menstruação ( menarca), menopausa, histerectomia, ligadura tubária são fatores estudados porém de menor importância.
Ainda estão imputados: o uso de talco – aplicados no períneo ou em absorventes internos, pode ser absorvido pelo trato genital inferior ( estudos controversos). Risco Genético- risco maior em dois parentes com câncer de ovário de primeiro ou segundo grau. Também há relação com parentes com Ca de mama e colorretal não poliposo não hereditário. Paciente com mutação no Gen BRCA 1( chance de 85% desenvolver Ca de mama e 63% de ovário aos 70 anos)
Os métodos utilizados para o diagnóstico dos tumores do ovário vão desde o exame ginecológico com o toque bimanual e o toque retal, aos exames de imagem e os marcadores tumorais.
Segundo os autores o exame clínico – o toque bimanual continua sendo o método mais comum, acessível e útil a todas as mulheres, no exame de seus ovários. Deve ser realizado anualmente após os 40 anos de idade. Até agora não há justificativas nem evidências clínicas que demonstrem a utilidade do uso indiscriminado dos outros métodos para pesquisa em massa, toda as populações femininas, no sentido de rastrear e detectar precocemente as lesões ovarianas.
A importância do exame ginecológico especialmente após a menopausa reveste-se de especial atenção, pois como descreve Barber toda massa pélvica palpável na pós menopausa deve ser suspeita. A confirmação pela ultrassonografia é o segundo passo na sequencia do diagnóstico. A tomografia computadorizada pode eventualmente ser solicitada no caso de dúvidas, das lesão pélvica.
O diagnóstico precoce é fundamental no investimento de vida da paciente.

domingo, 23 de agosto de 2009

Terapia hormonal e menopausa

Uma análise da expectativa de vida da mulher brasileira mostra que para o ano 2010, portanto o próximo ano, as mulheres terão uma expectativa de 77,3 anos ; um extraordinário ganho levando-se em conta que há um século atrás este número oscilava na casa do 30 a 35 anos.
Com essa expectativa supõe-se que as mulheres viverão um terço de suas vidas – ativas e produtivas, que é o que se vê hoje, na menopausa.
Com o envelhecimento aparecem doenças tais como diabetes mellitus tipo 2( o tipo que aparece com a idade), a hipertensão arterial e a osteoporose. As doenças cardiovasculares já são a maior causa de morte entre as mulheres. Acontece que a mulher até a menopausa tem um grande aliado da sua saúde que são os hormônios, depois que ela entra na menopausa perde a proteção e aumentam consideravelmente as doenças cardiovasculares, infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, as dislipidemias (aumento e desequilíbrio do colesterol), igualando-se à prevalência dessas doenças nos homens.
As doenças cardiovasculares são responsáveis por 16,6 milhões de mortes no mundo, sendo a principal causa de morte da mulher brasileira após os 50 anos, enquanto o câncer de mama não chega a atingir 5%. A hipertensão arterial por sua vez por três milhões de óbitos. (ver fonte).
Alguns fatores são importantes causadores do aumento da prevalência destas doenças nesta faixa etária: a deficiência hormonal, já descrito, o sedentarismo e a obesidade. Acrescente-se o fato de que como a mulher é muito produtiva neste momento trabalha fora, mais ainda, tem a jornada do lar, com isto acúmulo de tarefas e responsabilidades que lhe geram um crescente aporte de estresse e preocupações, as chances das doenças cardiovasculares acontecerem são muito grandes. O infarto na mulher é mais grave que o homem pela própria constituição feminina, músculo cardíaco mais frágil e após acontecer o infarto há grande chance de ocorrer um segundo infarto, que pode levar ao óbito.
Até 2002 o uso dos hormônios era o grande avanço da ginecologia, proporcionando um retardo na velhice e uma velhice mais saudável, a ponto de gerar certa inveja por parte dos homens: Como! As mulheres não envelhecem mais? Nós também queremos um benefício extra, cheguei a ouvir de alguns colegas esse comentário. Depois da publicação dos resultados do WHI ( Women Health Initiative) condenando o uso dos homens, a ponto do Presidente Bush, na época ter se pronunciado a esse respeito à Nação Americana, os médicos ficaram temerosos e as paciente apavoradas em se submeterem á essa relação que tanto bem fazia ás mulheres, ( trabalhos mostraram aumento do risco de câncer de mama e acidentes vasculares cerebrais, proteção contra a osteoporose e câncer do reto).
Pesquisadores Holandeses, Vegter et al. Em 2009. Publicaram estudos que mostraram que ao tempo que houve uma queda drástica na venda dos hormônios de reposição houve um aumento significativo na venda, de antidepressivos, ansiolíticos, sedativos, clonidina e medicações para a profilaxia da osteoporose. Eles alertam que essas drogas também tem seus efeitos colaterais.
O que se conclui que nesta importante fase da vida da mulher, há necessidade de uma atenção especial à sua saúde, com visitas regulares ao seu médico, estudo criterioso e racional das substâncias que a auxiliaram a ultrapassar essa fase, dieta adequada (restringir calorias- diminuir de peso se está acima), exercícios físicos intermitentes e regulares, controle das taxas de açúcar e colesterol, estímulos a uma mudança no estilo de vida promovendo uma qualidade para uma vida feliz, assegura a concretização da expectativa de vida aumentada com qualidade e saúde.


Fonte: Femina- Maio 2009/ vol 37/no 5

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Gravidez e Disfunções Tireoidianas.

Gestar um novo ser... Um sublime momento na vida da mulher. Um estado de graça, um desejo há muito acalentado. Esse é o estado normal da mulher que se encontra grávida da vida. Tirando todas as condições de aflição e desespero que cercam uma gravidez indesejada, a gestação é o amadurecimento do ser feminino que agora vai se tornar excelente no Amor, vai doar-se por completo na construção e na condução de uma nova vida, dádiva que lhe foi outorgada pelo Sumo Criador da Vida. Essa construção requer do organismo materno esforços, energia e muita doação – elementos orgânicos, fios de amorável dedicação e ternura cercam essa nova vida, desde o planejamento, o encontro dos gametas até o acolhimento nos braços materno após a saída do bebê do canal vaginal ou a retirada deste do útero, nas cesarianas. Para toda esta extraordinária empreitada o organismo materno precisa ser preparado e a luta da vida é enorme para concretizar esse feito.
As alterações da glândula tireóide durante a gravidez são situações de risco para o feto, devido à passagem transplacentária dos hormônios desta glândula em concentrações alteradas. Se a mãe usa hormônios ou drogas anti tireoidianas, essas substâncias também podem comprometer o feto além de alterar a fisiologia do corpo da mãe. Mesmo que a gravidez transcorra dentro de uma normalidade, é natural que esses hormônios aumentem. A gravidez é um estado hiper metabólico ou seja, o organismo materno terá que trabalhar dobrado e o hormônio da tireóide é o impulsionador deste estado( hiper), é a lenha da fogueira; faz a máquina trabalhar melhor e com mais potência. Os níveis de tiroxina total e triiodotironina ( T4 total e T3 total respectivamente) elevam. O hipotiroidismo acomete 2,5 % e o hipertiroidismo 0,2% das gestantes.
O hipotiroidismo é mais freqüente nas gestantes com idade mais avançada, sendo que o risco de abortamento aumenta nesta condição clínica.
Dentre as causas do hipotiroidismo estão: a Tiroidite de Hashimoto, as tiroidectomias, o tratamento com iodoradioativo para o câncer da glândula( I131), estas situações podem levar à inadequada reposição hormonais que promoveram o hipotiroidismo. São causas ainda, as doenças do eixo hipotálamo hipofisário.
Nesta situação o feto tem o seu crescimento comprometido e aparece a doença hipertensiva( de acometimento também no estado de hipertiroidismo) específica da gestação e o deslocamento prematuro da placenta além de hemorragia puerperal e anemia.
O hipertiroidismo é causado em 90% pela Doença de Graves, tiroidite subaguda e nódulos hiperfuncionantes.
Com as taxas hormonais bastante elevadas, as repercussões para o feto são danosas; se observa, uma maior incidência de abortamento e prematuridade. O feto terá também problemas com o crescimento além da mortalidade perinatal que poderá ser maior.
O diagnóstico é clínico, mas precisa ser confirmado laboratorialmente com as dosagens dos hormônios, especialmente TSH, T4livre (o hormônio ativo que vai entrar na célula) e o T3 total.
A reposição hormonal ( hipotiroidismo) ou o uso das drogas antitiroidianas, de preferência as da família das tiaminas , betabloqueadores ( hipertiroidismo) são administrados com vigilância com o objetivo de utilizar-se a menor dose possível para manter a gestante compensada clinicamente e o T4Livre dentro dos limites da normalidade. Os cuidados obstétricos e de dietética e Nutrição são fundamentais no equilíbrio harmônico do organismo materno.