quinta-feira, 15 de julho de 2010

O sol das férias e o risco para os lábios


Julho, praia, sol e férias; combinação que faz qualquer um respirar fundo e antecipar o prazer das merecidas férias. Especialmente se acrescentamos uma deliciosa rede embaixo de um coqueiral, ao sabor da brisa suave e o doce cântico do mar que beija as brancas areias da praia. Um maravilhoso cenário que nossas praias nordestinas, presente dos céus, nos brindam. Em julho, na nossa região o sol é farto durante o dia e as noites são amenas e refrescantes, uma maravilha de férias.
Mas, cuidado! Nesta época a exposição excessiva ao sol pode causar sérios malefícios à pele, que a longo prazo poderá desencadear processos degerativos malignos.
Os lábios especialmente os lábios inferiores estão sujeitos ao aparecimento de lesões benignas e malignas. As lesões traumáticas dos lábios são decorrentes de agressões crônicas provocadas pelo fumo, exposição solar, ressecamento, má higiene bucal, trauma dos dentes, lesões herpéticas expostas a radiação ultravioleta.
As lesões dos lábios ocorrem em 85% nos homens, estão relacionadas especialmente às profissões com maior exposição solar( ex: pescadores, lavradores). A maioria das lesões (99%) ocorrem na raça branca; acometem todas as idades porém sua maior frequência está nas faixas de 40 a 80 anos, o que demonstra a agressão contínua dos fatores causadores de dano à pele e mucosa dos lábios.
Apesar de ser uma localização de fácil identificação - os lábios, o aparecimento de uma úlcera(ferida), um nódulo (caroço) ou mesmo uma mancha são negligenciados. As pessoas protelam a ida ao médico, acham que não é nada e quando procuram a lesão já está avançada. Quando chega nesta fase o tratamento será uma cirurgia mutiladora que apesar da reconstrução plástica, o defeito será sempres perceptível e marcante, tornando a pessoa arredia e complexada.
Quando diagnosticado com precocidade uma pequena remoção da lesão será suficiente.
Nesta épocado ano, as pessoas de pele clara, olhos claros são as mais acometidas de insolação, quando exageram em busca da cor dourada, ou esquecidos de protegerem-se tem queimadura de primeiro ou segundo grau.
Chapéus,bonés, protetores solares, filtros são itens mandatórios. Cuidados com os horários de maior incidência de raios ultravioletas( após as 9 horas até as 15). Rompida a barreira de proteção do DNA no interior do núcleo celular por esses raios, será um caminho gradativo às mutações celulares.
Some-se uma vida inteira de exposição, fotoenvelhecimento, rugas, danos celulares,a pessoa na idade mais madura passa a apresentar câncer de pele e do lábios.
Usufruir do maravilhoso benefício dos raios solares em atalaia, no coqueiro ou na praia do futuro sem exagerar, garante uma cor saudável e o refazimento das energias. Aproveite julho e boas férias.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

TH- terapia hormonal na menopausa , ainda é viável?

Corria a década de 90, no auge da terapia de reposição hormonal; as pacientes na perimenopausa ( periodo que antecede a menopausa, nas proximidade desta fase) já procuravam os ginecologistas ansiosas por iniciar a terapia de reposição hormonal antes da menopausa. Muitas diziam não quero envelhecer, outras não quero perder meu marido, outras ainda comentavam: " todas as minhas amigas tomam e questionam porque ainda não estou usando!". Certos dos beneficios da terapia mas cautelosos, toda medicação tem efeitos colaterais , os ginecologistas avaliavam, mediam, liam , buscavam novas informações na busca do momento certo , da terapia mais adequada para cada paciente, quase todas saiam com suas receitas de hormonios nas várias apresentações e orientadas sobre o uso destas. Havia paciente que comparecia apenas para iniciar a terapia e nunca mais retornava. Naquela época, eu tinha assinatura da revista TIME e observei em alguns exemplares, que na America começava a surgir vários artigos sobre a soja e a reposição hormonal ( soja, amora preta, blueberries, inhame mexicano) isto porque muitas mulheres americanas se negavam a tomar os estrogenios; pessoas ligadas ao naturalismo e outras que achavam certo envelhecer de forma natural. Durante uma jornada de Ginecologia, aqui em Teresina, cheguei a questionar reservadamente após a palestra um renomado professor da USP sobre o uso da soja( até porque uma novidade desta e indo contra as inovações do momento, você fica receosa de parecer ridícula diante dos colegas questionando sobre algo que é apenas reportagem para leigos), o professor deu-me uma resposta curta e rápida :" Isto não tem comprovação científica".
Os anos se passaram , em 2002, final do primeiro semestre a mídia científica e leiga solta uma notícia bombástica - o fim da era de reposição hormonal. Lembro-me da capa da revista VEJA - MULHERES TRAÍDAS PELA MEDICINA. Foi estarrecedor. Os consultórios lotados , as mulheres temerosas buscavam informações. Muitas suspenderam por contra própria suas terapias e, os próprios médicos ficaram extremamente apreensivos e temerosos , muitos afirmaram: Nunca mais vou passar hormonios para ninguém! As dúvidas foram dissipadas pouco a pouco,inúmeras revisões, novos estudos, novas orientações: Tratamento deve ser individualizado, avaliações mais rigorosas dos critérios de risco. Hoje apenas 1/3 a 2/3 da clientela da grande maioria dos consultórios de ginecologia seguem com a terapia hormonal da menopausa para alívio da sintomatologia. Drogas com metade da dose , novos compostos progestagênicos; estudos mostrando a segurança dos transdermicos, o uso dos derivados da soja - isoflavona, antidepressivos, uso da androgênios e muitas discussões nos congressos e reuniões da especialidade.
Segue o estudo KEEPS (Kronos early estrogen prevention study) e o ELITE ( Early versus late intervention trial with estradiol) , ambos estudos randomizados colaborativos de diversas universidades para estudar o benefício dos estrogenios na prevenção da doença coronariana em uma janela de oportunidade que é o momento em que a mulher entra na menopausa, quando os vasos sanguineos ainda não estão danificados , com arteriosclerose. Estes estudos ainda estão em seguimento, porém segundo os analistas " a pesquisa clínica não identificou nenhuma janela de oportunidade após a menopausa durante a qual a TH possa ser considerada confiantemente livre de riscos. As mulheres de todas as idades que estejam recebendo TH para alívio de sintomas continuam necessitando informações sobre seus possíveis riscos, incluindo a doença coronariana crônica." Continuamos ainda cautelosos, mas a terapia ainda não foi descartada.

Fontes: Am.J. Epidemiol 2009 Jul1, 170:24
www.clinicaltrials.gov/ct2/show/NCT001541180
www.clinicaltrials.gov/ct2/NCT00114517
JWatch.org.2009.29; 19 e 20